quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Dos pedágios e do caminho

Tudo começou errado. Assim se explica a arrastada novela que envolve as estradas pedagiadas no Rio Grande do Sul. Afora o ônus comum a iniciativas pioneiras. E por que começou errado? Simples, às vésperas de um processo eleitoral, as normas dos contratos firmados com as empreiteiras foram flexionadas. Se nos contratos estava previsto que as tarifas só seriam cobradas quando estivessem concluídos todos os chamados trabalhos iniciais _ incluíam recuperação de pavimento, roçada e sinalização entre outros _, permitiu-se a cobrança por trechos já recuperados.A imagem favorável de estradas em que estavam sendo aplicados tachões luminosos, novas placas de orientação e tapados buracos e em que algum dia se teria de pagar uma taxa, como mostravam os postos de cobrança em construção, foi substituída pela irritação de precisar pagar para transitar também em trechos que ainda não estavam prontos.E até aqueles usuários que haviam sido beneficiados pela recuperação total das rodovias RS-115 (Gramado), RS-040 (Pinhal/Cidreira) e RS-030 (Santo Antônio da Patrulha) passaram a criticar o fato de o governo estadual ter investido nas estradas para depois entregá-las à exploração das concessionárias.O candidato que buscava a reeleição virou o pedágio e seu opositor o caminho.

A apropriação da qualificação do enquanto a nível de conjunto

Precisa dizer mais?

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Falta de solidariedade

É um fato corriqueiro em Porto Alegre, mas cada vez que o assisto fico revoltado: a completa falta de solidariedade de alguns motoristas com as ambulâncias que circulam pela cidade com a sirena aberta, pedindo passagem. Faz pouco, no cruzamento da II Perimetral com a Avenida Ipiranga, enquanto motoristas que estavam na Perimetral abriam passagem para uma ambulância do Samu passar, outros, na Ipiranga, continuaram movimentando seus carros, indiferentes ao que estava acontecendo.
Não passa por suas cabeças sem neurônios que naquela ambulância está sendo transportada uma pessoa que necessita de socorro urgente? Não imaginam por um segundo sequer que ali poderiam estar sendo transportados eles próprios ou algum de seus familiares?
E ainda ousamos dizer que somos exemplo para o resto do país. Que arrogância!

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Muito Além do Concreto














Trinta e poucos anos atrás, Telmo Thompson Flores pretendia implantar em Porto Alegre um programa de planejamento familiar, através de convênio com a Sociedade Civil de Bem-Estar Familiar no Brasil, a Bemfam. A pretensão era clara: conter a natalidade desenfreada nas classes menos favorecidas, com orientação às famílias e distribuição de pílulas anticoncepcionais e outros contraceptivos.
O então prefeito da Capital foi derrotado pela Câmara Municipal. Os vereadores de oposição pulverizaram a idéia, alegando que se estaria entregando a uma organização com ligações estrangeiras (leia-se EUA) os destinos das famílias das vilas populares da cidade.
Hoje, a Bemfam é uma das tantas ONGs que vicejam pelo Brasil. E Porto Alegre, segundo os dados mais recentes, tem quase 290 mil pessoas vivendo em núcleos ou vilas irregulares.
A chafurdada no passado tem por objetivo lembrar que Telmo Thompson Flores, recentemente falecido, foi um prefeito que não esteve preocupado apenas com viadutos e túnel. Ele também tratou da questão social, e muito. Abstraído o natimorto programa de planejamento familiar nas vilas populares, foi à época de Thompson que se implantaram os Centros Comunitários em zonas periféricas de Porto Alegre. E foi neles que as populações menos aquinhoadas passaram a poder freqüentar piscinas no verão, dispor de canchas poliesportivas ao longo do ano e participar de cursos profissionalizantes.
Na questão habitacional, Thompson também inovou, implantando as primeiras unidades da Vila Nova Restinga, hoje uma quase-cidade encravada na zona sul da Capital.
Quanto ao túnel e aos viadutos – sem esquecer as obras nas avenidas perimetrais, Thompson teve a visão de futuro de que aquele momento – início dos anos 70 – era o correto para colocar em prática os planos previstos pelo Plano Diretor de 1959. E o decorrer dos anos provou que se ele não tivesse tido esta iniciativa de há muito nossa cidade teria simplesmente paralisado.
Ele morreu aos 87 anos, coincidentemente no dia em que se comemoravam os 36 anos de existência do Parque Moinhos de Vento, o Parcão, uma das principais áreas verdes públicas de Porto Alegre, que ele deixou como mais uma de suas obras para a cidade.